Justiça determina medidas da União para repatriar brasileira aliciada pelo Estado Islâmico
Segundo a decisão, a União terá 30 dias para apresentar informações sobre as providências tomadas
Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

A Justiça Federal determinou que o governo adote medidas urgentes para retirar a brasileira Karina Ailyn Raiol e o filho dela, de 6 anos, do campo de refugiados Roj Camp, no nordeste da Síria. Como mostrou a RECORD, Karina foi aliciada pelo grupo terrorista Estado Islâmico e é mantida presa após ser considerada extremista. Segundo a decisão, a União terá 30 dias para apresentar informações sobre as providências tomadas.
No documento, a juíza responsável pelo caso, Maria Carolina Valente, entendeu que devido ao risco à segurança e à vida da brasileira e de seu filho, a União deve repatriá-los com “máxima brevidade”. Caso a medida seja descumprida, a União poderá ser multada por atraso. O valor da pena ainda não foi estabelecido.
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“Diante do juízo de certeza exposto na fundamentação supra, bem como do risco à segurança e à vida da autora e de seu filho enquanto permanecerem em campo de refugiados, defiro o pedido de tutela de urgência para determinar à União a adoção de todas as medidas necessárias à retirada dos autores do campo de refugiados de Roj Camp, ou de qualquer outro onde atualmente estejam, com a máxima brevidade”, escreveu a juíza.
Ficou decidido, ainda, que o governo forneça abrigo temporário em algum prédio de repartição diplomática brasileira na região, além do fornecimento de alimentação e assistência médica adequadas, até que ela retorne ao Brasil. Em resposta, a Defensoria Pública, que representa a família de Karina, alegou o interessa dela em retornar ao Brasil.
De acordo com o documento, a União apresentou uma manifestação ao pedido de tutela de urgência, alegando que não havia feito medidas devido à falta de manifestação da brasileira em ser repatriada.
Entenda
Em 2016, Karina Ailyn fugiu de casa, no Pará, para se casar com um homem na Síria. À RECORD, a família da brasileira, que não sabia sobre a ida dela ao país, disse ter recebido uma ligação de Karina seis meses depois. Na ocasião, ela confessou aos pais ter sido espancada e abusada, além de ter descoberto que o marido pertence ao Estado Islâmico e era casado com outras três mulheres.
No mesmo ano, Raiol teria conseguido fugir do local e ido para Raca, conhecida por ser a capital do grupo terrorista. Na cidade, ela foi obrigada a casar novamente e parou de falar com a família por meses.
Grávida do filho, Karina teve ferimentos na cabeça ao ser atingida por pedaços de madeira após um conflito na cidade, quando forças democráticas sírias tomaram Raca. Anos depois, em uma tentativa de fugir da guerra, Karina foi presa e ou por diferentes campos de refugiados.
Em 2024, um jornalista brasileiro foi autorizado a ir até o campo para entrevistar a brasileira. Ao chegar no local, um da região disse que Karina teria fugido com outras mulheres e que no celular dela foram encontrados mapas e conversas que ligavam a brasileira ao Estado Islâmico.
Em dezembro, a família de Karina recebeu a informação de que ela estava presa em um presídio de segurança máxima, alegando que o estado de Raiol era crítico.